sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Movimentos Sociais Atuais

Sempre me interessei pelo meio-ambiente, e o que mais me impressiona é como a consciência do povo vem crescendo a cada dia,relacionado a vários problemas, e a internet   --  que hoje em dia é o jeito mais fácil de se comunicar -- está se tornando uma arma para que a população cobre dos seus representantes seus direitos e mostrem sua indignação com ações erradas que podem ser tomadas por eles. Segue abaixo um site com esse tipo de movimento, contra um projeto de Lei que visa demarcar uma área da Amazônia para desmatamento.

Meia Amazônia Não

Existe um projeto de lei que vai acelerar a destruição da Amazônia.
A floresta é responsável pela maioria das chuvas que abastecem o Sul e o Sudeste, garantindo ao país uma grande vantagem na produção agrícola e na geração de energia.
 Inclusive a que chega à sua casa.
Cada vez que uma árvore na Amazônia é derrubada, este patrimônio fica ameaçado.
O problema é sério. 
E você pode impedir.



Fonte : http://meiaamazonianao.org.br

sábado, 15 de novembro de 2008

IHU ENTREVISTA.OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL: NOVOS AUTORES SOCIAIS?

O movimento de multidões sempre assusta os bem postados na sociedade. E o que assistimos, no Brasil e no mundo, é o movimento de multidões que questionam as instituições, como, entre outras, os partidos, os sindicatos, o Estado, as igrejas. Na Europa, este final de semana estivo foi marcado pela exuberante manifestação por uma outra globalização em Larzac, no sul da França. Todas as estimativas de participantes foram superadas. A tal ponto que o acesso ao local teve que ser fechado, por motivos de higiene e segurança. Mais de 200 mil pessoas participaram do evento que prepara a sua intervenção no encontro da Organização Mundial do Comércio – OMC – a ser realizado em Cancún, México, de 10 a 14 de setembro de 2003. Isso somente para citar um exemplo. No Brasil, acaba de ser articulada uma coordenação nacional dos movimentos sociais. Os sem-teto e os sem-terra diariamente ocupam grandes espaços da mídia nacional e internacional. Análises assustadoras vão aparecendo para anunciar o caos. ‘Baderna’ é uma palavra que se faz ouvir aqui e acolá. A comparação com o início dos anos 1960 e que terminaram no malfadado golpe militar de 1964, cujos 40 anos serão analisados num Seminário Internacional que o IHU, juntamente com vários PPGs da Unisinos, está organizando, voltam à ribalta. O boletim do IHU desta semana traz para o debate acadêmico a discussão dos Movimentos Sociais. Entrevistamos a Profª. Drª. Maria da Glória Gohn, uma das maiores pesquisadoras dos movimentos sociais, o Dr. Plínio de Arruda Sampaio, deputado constituinte, e atualmente vivamente interessado na articulação de uma coordenação dos movimentos sociais brasileiros e Alfredo Gonçalves, assessor nacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – para assuntos do Setor Pastoral Social, que articula as pastorais sociais, como a Comissão Pastoral da Terra – CPT, a Comissão Pastoral Operário –CPO, entre outras. Na mesma linha da matéria de capa, apresentamos o livro de Alberto Melucci, grande especialista em movimentos sociais, internacionalmente reconhecido e cujo livro, traduzido para o português, é apresentado pelo Prof. Dr. José Luiz Bica de Mélo. Dentre os movimentos sociais brasileiros, um dos que levanta maior discussão e debate, especialmente no Rio Grande do Sul, tendo em vista a marcha de agricultores rurais sem-terra e de fazendeiros, é o movimento pela reforma agrária. Três colegas da Unisinos discutem o tema, a partir de um artigo de Fábio K. Comparato e de dois artigos de Rubens Ricupero, reproduzidos nos números anteriores do IHU On-Line. Complementa a reflexão sobre o tema da emergência dos movimentos sociais, a entrevista com a Profª. Drª. Edla Eggert sobre o movimento das mulheres pomeranas. Este será o tema do próximo IHU Idéias. Enfim, como entender o Mundo e, especialmente, o Brasil, hoje, sem compreender a novidade dos novos atores sociais que são os movimentos? O boletim desta semana quer colaborar neste debate. E o fazemos na semana em que iniciamos a segunda etapa do Ciclo de Estudos sobre o Brasil. Entender o Brasil, hoje, é a nossa paixão. O tema de capa deste boletim e o estudo dos clássicos que se debruçaram sobre o Brasil, como Caio Prado Júnior, são uma pequena manifestação do desejo de contribuir para construir uma universidade que seja, cada vez mais, uma importante força social na vida nacional. Uma boa leitura e uma ótima semana para todos!

“Não são apenas os ‘sem’ que protestam, os ‘com’ estão ameaçados”
Entrevista com Maria da Glória Gohn


A partir da temática dos movimentos sociais, matéria de capa desta edição, IHU On-Line conversou com a Profª. Drª. Maria da Glória Gohn, professora da Unicamp. A professora Maria da Glória é mestre em Sociologia, doutora em Ciência Política pela USP, com a tese intitulada “Participação Popular e Estado - O Movimento de Luta por Creches em São Paulo” e pós-doutora em Sociologia na New School University, Nova Yor. É autora de vários livros, entre os quais destacamos: Movimentos Sociais e Educação[1]. São Paulo: Cortez Editora, 6ª edição, 2002; Teorias dos Movimentos Sociais. São Paulo: Edições Loyola, 2002; História dos Movimentos e Lutas Sociais. São Paulo: Loyola, 2001; Mídia, Terceiro Setor e MST. Petrópolis: Vozes, 2000; e Sem Terra, ONGs e Cidadania. São Paulo: Cortez, 2000.Ela acaba de publicar o livro organizado por ela, Movimentos Sociais no Início do Século XXI. Antigos e novos autores sociais, Petrópolis: Vozes, 2003.

IHU On-Line- Em que sentido se pode falar de crise dos Movimentos Sociais nos últimos anos? Que saldos positivos e negativos resultaram dessa crise?
Maria da Glória Gohn- Creio que é interessante voltarmos um pouco na História e dividirmos a questão em três momentos: de 1990-95, de 95 a 2000 e do início deste novo século até os dias atuais. Houve crise nos movimentos sociais populares urbanos, nos primeiros cinco anos dos anos 90, no sentido de que eles tiveram reduzida parte do poder de pressão direta que haviam conquistado nos anos 80. Isso se deu em função de vários fatos novos, que explicam as alterações que passaram a ocorrer em suas dinâmicas cotidianas. É bom lembrar que o país saía de uma etapa de conquista de novos direitos constitucionais, a maioria dos quais precisava ser regulamentada. A volta das eleições diretas em todos os níveis governamentais, também alterou a dinâmica das lutas sociais, porque se tratava agora de democratizar os espaços públicos estatais. A necessidade de atuação, no plano institucional e governamental, aumentou, não apenas nos locais que passaram a ser administrados por governos populares, mas aumentou fundamentalmente, no plano federal, locus de debate e encaminhamento das conquistas obtidas na Carta de 88, para que viessem a ser implantadas. E todos nós sabemos que o governo federal, naquele mesmo período, passou a implementar ou a aprofundar, em todos os níveis, as políticas neoliberais. Para complicar mais ainda o cenário, essas políticas geraram desemprego, aumento da pobreza e da violência, urbana e rural. Houve até quem preconizasse, naqueles anos, que a fase das mobilizações nas ruas dos movimentos estavam ultrapassadas, correspondiam a uma etapa já superada, pois o regime militar havia caído e se tratava agora de atuar apenas no plano institucional. A educação popular e o trabalho de base junto a grupos populares também passaram a receber críticas. Seria algo também já superado, justificável apenas na década anterior. Naquele momento, a página teria que ser virada (interpretação essa com a qual eu nunca concordei, embora concordasse com mudanças que atualizassem o trabalho de base em função da nova conjuntura do país e do mundo). Conseqüentemente, a visibilidade externa dos movimentos populares urbanos, na mídia e na sociedade como um todo, refluiu naquele período. Ao mesmo tempo um outro sujeito sociopolítico advindo dos movimentos sociais populares do campo ganhava força: os sem-terra, especialmente o MST. Portanto, quando se falava de "crise dos movimentos sociais urbanos", nos primeiros anos da década de 90, não significava o desaparecimento deles, e nem o seu enfraquecimento como atores sociopolíticos relevantes, e sim uma rearticulação, interna e externa, de seu papel na sociedade.

IHU On-Line- Que outras conseqüências aparecem a partir das transformações políticas do início da década 90?
Maria da Glória Gohn- As mudanças na conjuntura política levaram também à emergência, ou ao fortalecimento, de outros atores sociais relevantes na sociedade civil, tais como as ONGs e outras entidades do Terceiro Setor. Os movimentos populares passaram a ter outros aliados, e/ou competidores, na disputa entre os grupos organizados para demandar as necessidades sociais ao poder público, ou organizar trabalhos coletivos para resolver estas demandas entre os próprios necessitados. Para finalizar as observações sobre o cenário dos movimentos populares, nos primeiros anos da década de 90, não podemos deixar de registrar que houve tensões entre as lideranças na condução dos movimentos urbanos, principalmente em relação a questões como: institucionalização, participação ou não em conselhos propostos ou criados pelo poder público, participação em programas governamentais, etc. O fato de várias lideranças ascenderem a cargos no poder público, ou ao parlamento, também teve alguma influência na nova dinâmica dos movimentos. Este novo cenário gerou a necessidade de articulações e a maioria dos movimentos, rurais ou urbanos, passaram a atuar em redes e a construir agendas anuais de congressos e manifestações públicas, como o Grito dos Excluídos, por exemplo. Em suma, no interior dos movimentos, expressava-se uma crise maior, que não era deles, mas refletia-se no seu cotidiano, que o país atravessava: o desmonte de políticas sociais pelas políticas neoliberais e sua substituição por outras políticas, em parceria com ONGs e outras entidades do Terceiro Setor; a fragmentação da sociedade pela desorganização ou flexibilização do mercado de trabalho, levando ao crescimento do setor informal; a defasagem na qualificação do mercado de trabalho face à era da tecnologia, comunicações e informação, levando a novas exigências no campo da educação, formal e não-formal, face ao mundo globalizado, etc. Portanto, a crise expressava os novos arranjos na busca de renovação, de adaptação à nova conjuntura e às mudanças no mundo do trabalho, de reposicionamento frente às novas políticas públicas.

IHU On-Line – Foram muito contrastantes as mudanças no segundo período da década de 90?
Maria da Glória Gohn - Na segunda metade dos anos 90, novos ingredientes foram acrescentados, alterando ainda mais a dinâmica dos movimentos sociais em geral, e dos populares em particular. Começo citando as crises econômicas internas, os movimentos populares e ONGs cidadãs, que os levaram a repensar seus planos, planejamentos de ação, estratégias e forma de atuar, elaboração de planejamentos estratégicos, etc. Algumas entidades de apoio aos movimentos até fecharam suas portas, outras fizeram enxugamentos em termos de regiões de atuação, fundiram-se com outras ou ainda deslocaram suas áreas de atuação para setores específicos, dentro do leque dos programas sociais institucionalizados, governamentais ou de apoio advindo da cooperação internacional. Novas pautas foram introduzidas, tais como a de se trabalhar com os excluídos sobre questões de gênero, etnia, idades, etc. As dificuldades de apoios para manter estruturas mínimas, ou a necessidade de reorientar suas ações em função de novas diretrizes e regras da cooperação internacional, não deixavam sobra de tempo para as lideranças se articularem com a população. Os novos tempos, de desemprego e aumento da violência urbana, assim como o crescimento de redes de poder paralelos nas regiões pobres, ligados ao narcotráfico de drogas e outros, também colaboraram, e muito, para desmotivar a população necessitada para participar de reuniões ou outras atividades dos movimentos.

IHU On-Line – De que forma se deu a desmotivação para a organização dos movimentos sociais?
Maria da Glória Gohn - A nova política de distribuição e gestão dos fundos públicos, em parceria com a sociedade organizada, focalizados, não em áreas sociais (como moradia, saúde, educação, etc.), mas em projetos pontualizados, como crianças, jovens, mulheres, etc., contribuiu para desorganizar as antigas formas de os movimentos fazerem suas demandas e reivindicações. A palavra de ordem destes projetos e programas passou a ser: ser propositivo, e não apenas reivindicativo; ser ativo, e não apenas um passivo reivindicante. Muitos movimentos se transformaram em ONGs ou se incorporaram às ONGs que já os apoiavam. A atuação por projetos exige resultados e tem prazos. Criou-se uma nova gramática onde mobilizar deixou de ser para o desenvolvimento de uma consciência crítica ou para protestar nas ruas. Mobilizar passou a ser sinônimo de arregimentar e organizar a população para participar de programas e projetos sociais, a maioria dos quais já vinha totalmente pronta e atendia a pequenas parcelas da população. O militante foi se transformando no ativista organizador das clientelas usuárias dos serviços sociais. Como todo ciclo, ele também se fecha e se esgota. As políticas neoliberais passaram a desaguar, ao final da década de 90, em termos de sua legitimidade inicial, junto às camadas médias e parte das elites. O que era "ser moderno" passou a ser visto como responsável pelo atraso. O aumento da pobreza, o desemprego e a violência urbana, transferiram a questão social, que nos anos 90 se apresentava com maior crueza no campo, para as cidades (não que ela tenha se resolvido no campo. Apenas agudizou-se mais na cidade).

IHU On-Line – E como se dá a situação no contexto do período atual?
Maria da Glória Gohn - O início do novo milênio marca a retomada das mobilizações populares nas ruas, o desencanto das camadas médias e das elites com os rumos do país. Isso tudo levou à eleição de Lula. Abriu-se a possibilidade de nova página na História do Brasil, possibilidade esta que, após 7 meses de governo, também começa a se frustar. Embora logo no início tenha-se tido uma inovação inédita na pauta do governo brasileiro, ao se priorizar o social, com o anúncio do programa "Fome Zero", e não de um extenso programa econômico, a não-efetivação de ações concretas nesta direção, a não prioridade para a geração de empregos e políticas de retomada do crescimento da economia do país, os rumos e as opções econômicas que passaram a ser feitas, a retirada de direitos sociais de servidores públicos, as negociações e concessões aos mais poderosos, tudo isso nos explica também a retomada das mobilizações nas ruas e as ações de ocupações massivas. Oxalá tudo isso se altere!

IHU On-Line- Qual é o perfil dos movimentos sociais atuais que tendem a ser massivos? Quais os mais fortes na América Latina?
Maria da Glória Gohn- São os mesmos que estão pautando as lutas sociais no Brasil atual e na América Latina: por terra, moradia e emprego. Mas já não são apenas os "sem" que se organizam e protestam. Os "com" estão ameaçados e estão gerando grandes mobilizações, a exemplo dos servidores públicos e dos trabalhadores sob ameaça de demissões. Há outros movimentos que não adquirem o formato massivo permanente mas que têm crescido muito: atos de protestos, vigílias e caminhadas contra a violência urbana, contra os atentados à vida do cidadão comum, contra civis - de qualquer idade, cor ou classe social. A consciência da necessidade de movimentos pela paz no cotidiano, contra as guerras e os atos terroristas, está se germinando.

IHU On-Line- Como deve ser o diálogo entre os movimentos sociais e o Estado?
Maria da Glória Gohn- O diálogo é fundamental, condição básica para se construir novas formas de fazer política, para democratizar os espaços públicos, para "humanizar" o poder, para construir o estado democrático de direito. Mas não pode ser um falso diálogo, algo imposto de cima para baixo, como verdades inevitáveis para que cidadãos ameaçados ou desqualificados apenas tomem ciência do que já está decidido. Ouvir é uma qualidade tão ou mais importante do que falar.

IHU On-Line- Concretamente, no Brasil, como a Srª. está vendo o diálogo entre o Governo Lula e os movimentos?
Maria da Glória Gohn- Sinceramente, eu não estou vendo o diálogo que citam acima. O que tenho visto nestes últimos dias são conflitos entre a polícia e o movimento dos servidores públicos, porque estes protestam contra a retirada de seus direitos; tensões e conflitos entre a polícia e os sem-terra, que continuam a ser criminalizados e até condenados à prisão; ações de despejo contra os sem-teto e um jogo de empurra-empurra sobre quem deve atendê-los, etc. Ao crescimento da tensão social o que se observa, até o momento, como resposta, é o chamamento à ordem via a eliminação do conflito e da tensão, e não a sua negociação. Certamente que está havendo maior transparência nas ações do poder público, assim como a mídia está dando visibilidade maior aos conflitos, o que não ocorria tanto antes. Há outras formas de visibilidade, ainda não apropriadas pela maioria da população, pelo não acesso ou pela impossibilidade de acompanhar devido aos horários que se realizam, tais como as transmissões pela TV Câmara e TV do Senado. Certamente que muito contribuem para formar, ou transformar, a opinião de muitos cidadãos sobre qual a diferença entre o que é o discurso - onde quer que ele ocorra, e as ações efetivas na hora do agir.

IHU On-Line- Qual foi o principal aporte de Alberto Melucci para compreender os movimentos sociais?
Maria da Glória Gohn- O de ter chamado a atenção, nos anos 80, para a importância e força da construção da identidade nos movimentos sociais e o fato de nos remeter, em seus trabalhos nos anos 90, a uma concepção de movimento social que o apreende de uma forma mais ampla na sociedade: pelos valores que eles criam e pelas novas práticas que consolidam, o que nos possibilitou entender melhor seus significados, e não se deter apenas nas formas aparentes das manifestações coletivas.

IHU On-Line - Como vê atualmente movimentos como os Sem-Terra ou Sem-Teto? Que ponderações positivas e críticas faria a respeito?
Maria da Glória Gohn - São os dois movimentos sociais mais articulados na atualidade, no Brasil. Dizem respeito a direitos sociais básicos, elementares, relativos à própria condição humana: o abrigo e a comida. Os sem-terra construíram uma trajetória que reúne experiência acumulada, um saber social, assim como produzem reflexão e conhecimento em suas escolas de formação - a partir da reflexão sobre suas práticas e a dos outros. Os sem-teto são como um termômetro: quando eles entram em cena, a situação está grave. Eles já tiveram papel central nas lutas populares urbanas nos anos 80 (há vários estudos e registros a este respeito, entre outros, cito meu próprio livro: Movimentos Sociais e Luta pela Moradia (Loyola, 1991). Nos anos 90, eles construíram várias frentes, de caráter mais institucional, participando de programas e mutirões, articulando-se em Fóruns Nacionais, ou lutando no plano do parlamento, via suas assessorias, resultando dessas lutas várias conquistas, como o Estatuto da Cidade. Ao final do século que se encerrou, e início deste, com o agravamento da pobreza e da exclusão social nas cidades, fortaleceu-se, no movimento pela moradia popular, as alas de moradores nas ruas, nos cortiços, nas moradias precárias de aluguel, etc. O movimento pela moradia reaparece em cena com um protagonismo novo, aprendido com o MST: as ocupações de prédios (certamente que essas práticas já haviam ocorrido, mas não na escala e com o grau de organização atual) ou de áreas urbanas estratégicas, como a ocupação na Avenida Anchieta, de um terreno de propriedade da Wolkswagen. A conjuntura política e econômica atual fez com que a mídia voltasse a dar visibilidade às suas ações. Projetos de administrações municipais de revitalização de áreas centrais da cidade, com apoio de grandes grupos financeiros, também criaram a oportunidade para a atenção para dezenas de prédios fantasmas, abandonados, muitos deles nas mesmas ruas que aquelas populações perambulam diariamente. Com essas ações, sem-terra e sem-teto estão pressionando para a mudança da agenda político-econômica do governo no sentido de atendimento ao social; ações que construam a Reforma Urbana e a Reforma Agrária no país, geração de emprego e renda aos excluídos. Tudo indica que a História lhes ensinou: sem pressão, os avanços não acontecem espontaneamente. Apesar de se terem construído canais institucionais para a participação popular, ao longo de toda a década de 90, parece que eles não confiam muito nestes canais, além da necessidade de esses canais serem democratizados para o acesso aos mais pobres. Os gestores públicos precisam também ter a sensibilidade para o fato de que, os raros programas existentes na área da moradia, além de escassos, não atingem essa população que está participando das ocupações, pois exigem níveis de renda que eles não possuem (por exemplo, acima de 2/3 salários mínimos).

“A única forma de mudar o país é fortalecer os movimentos sociais”
Entrevista com Alfredo Gonçalves, assessor da CNBB


A postura e a participação da Igreja Católica nos movimentos sociais são discutidas na entrevista a seguir. IHU On-Line conversou por telefone com o padre Alfredo Gonçalves, assessor nacional do Setor Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Alfredo Gonçalves, padre carlista, português, poeta, foi durante muitos anos presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM – com sede em São Paulo. Atualmente reside em Brasília.

IHU On-Line – De que forma o Sr. vê a associação dos Movimentos Sociais no Brasil? Quais suas expectativas?
Alfredo Gonçalves – Em termos nacionais, nós estamos assistindo recentemente a uma primavera dos movimentos sociais. Há um revigoramento das mobilizações, dos movimentos, que tem repercutido no Fórum Social Mundial. Aqui no Brasil, isso se vê em alguns movimentos com mais força do que em outros. Há muitos movimentos hoje em todo o mundo na contramão do processo de globalização. Há movimentos cada vez mais fortes que tentam enfrentar esse processo de globalização, de exclusão do terceiro mundo. Entre eles eu poderia citar os movimentos ambientalistas, os movimentos ligados aos camponeses, os movimentos de jovens, de mulheres... Estamos assistindo a um grande reavivamento dos movimentos sociais em todo o mundo. O Fórum Social Mundial tem sido uma caixa de ressonância que mostra a organização dos movimentos populares. Essa associação dos movimentos sociais é o caminho. Cada vez mais sentimos que um só movimento, uma só pastoral, uma só associação tem pouca força dentro dos mecanismos e dos meios com que o neoliberalismo se organiza. Sente-se a necessidade de somar forças e, respeitando a pluralidade dos movimentos, somar bandeiras na luta contra a exclusão social. Essa articulação é um instrumento muito bom. Através dela será possível pensar muito mais o nacional, o global, e não somente o local, o regional. É preciso lutar em termos regionais, mas pensar em termos nacionais e globais também. É aquela história da construção de um projeto nacional, de uma sociedade justa e fraterna, levando em conta as necessidades populares. Isso é mais importante.

IHU On-Line – Como se dá a participação concreta da Igreja Católica nessa articulação? Há algum representante?
Alfredo Gonçalves – A Igreja Católica sempre, através do Setor Pastoral Social da CNBB, vem participando dessas lutas populares, apoiando-as. Eu poderia lembrar o tempo do regime militar, quando a Igreja deu abrigo a uma série de pessoas e de instituições que lutavam na oposição. Mais recentemente, na década de 90, as semanas sociais que foram promovidas pela Igreja Católica e outras Igrejas, os plebiscitos da dívida externa, da Alca, o Grito dos Excluídos, etc. Cada vez mais, a presença da Igreja tem feito uma parceria muito ampla com os movimentos sociais e com essa articulação. A associação entre os movimentos e a Igreja Católica passa muito também pelas pastorais sociais. Cada pastoral social e suas bases realizam muitas atividades em parceria com os movimentos sociais, com outras articulações, com os sindicatos, com forças sindicais e estudantis. Trabalhamos aqui na CNBB com 12 pastorais. Cada uma delas, pelo Brasil, está ligada concretamente a uma série de articulações com os movimentos sociais. Além do Setor Pastoral Social da CNBB estar vinculado à articulação, cada pastoral dá apoio concreto às lutas populares. Desde o plebiscito das semanas sociais, existe um conjunto de entidades, entre elas a CUT, a Central dos Movimentos Populares (CMP), o MST, que trabalham juntas numa série de articulações relacionadas à dívida externa, à Alca, e assim por diante. Já temos representantes da Igreja Católica nessa articulação. Em São Paulo, nós temos várias pessoas que acompanham essa iniciativa. Nós, do Setor Pastoral Social, estamos acompanhando igualmente. O problema é que a CNBB e o Setor Pastoral Social estão numa fase de transição, mudando a direção, mudando o estatuto. Por enquanto, é difícil dar o nome da pessoa. Ainda estamos vendo quem vai ficar no Setor Pastoral Social. Mas a Igreja está presente nessa articulação, sim.

IHU On-Line – Quais seriam as urgências das pastorais sociais hoje? Dentre os problemas sociais existentes, de quais se prioriza a solução?
Alfredo Gonçalves – Se fizermos uma pesquisa mais ampla, o desemprego é uma bandeira muito forte. Grande parte das pastorais sociais, de alguma forma, lida com o desemprego. A pastoral operária e as demais acabam sofrendo conseqüências do desemprego. Outra prioridade tem sido a luta pela terra pelos movimentos do campo, especialmente pelo MST, apoiada pela Comissão Pastoral da Terra e por outras pastorais. Temos uma grande articulação das pastorais sociais no Nordeste, no semi-árido brasileiro, com a questão da água, com a luta pela água, especialmente na construção de cisternas, junto com a Cáritas. Há outra prioridade, depois, com as populações de rua, de lixões, que chamamos de excluídos entre os excluídos. Aí entra a Pastoral da Rua, do Menor, a Pastoral Carcerária, da Mulher Marginalizada, das Prostitutas. Há uma série de pastorais voltadas para esses setores mais excluídos da população. Nisso tudo, uma grande curiosidade tem sido o Grito dos Excluídos por ocasião do 7 de setembro. É o momento em que levamos à rua o grito sufocado dos setores cada vez mais excluídos da população.

IHU On-Line – Como o Sr. vê que o Governo Federal está respondendo a essas prioridades?
Alfredo Gonçalves - Por parte do Governo Lula, há uma vontade política de atender às reivindicações populares. Essa vontade permanece de pé. As forças retrógradas desse país são muito reacionárias, têm uma estrutura histórica muito forte de concentração de terra, de renda, de riqueza. A margem de manobra do governo é muito pequena. Eu diria até que o governo ganhou o executivo, mas não ganhou o Estado. É muito difícil levar adiante as reivindicações populares com forças tão retrógradas, como o Judiciário, o Congresso, a Bancada da UDR e outras. É difícil aplicar ou implementar mudanças e políticas públicas contra essas forças. Outro problema sério é a vinculação do governo com o mercado financeiro internacional, via FMI, Banco Mundial, etc. A necessidade de recursos para pagar juros da dívida externa, serviços e rolagem da dívida, acaba sangrando o país. Esses recursos acabam fazendo falta na saúde, na educação, na reforma agrária e nas políticas públicas, em geral. Eu vejo que o governo, de certa forma, tem as mãos bastante amarradas, por conta do mercado financeiro, das alianças com as forças mais retrógradas. Para mudar, ele precisa de muita articulação popular. A única maneira de ajudar o Presidente Lula a mudar esse país é fortalecendo os movimentos populares, colocando as populações na rua, organizando as bases, e batendo nas portas dos poderes públicos. Se não houver mobilização popular, é muito difícil pensar em mudanças estruturais.

IHU On-Line – De que forma se caracteriza o movimento social no Brasil atualmente?
Alfredo Gonçalves – O Movimento Social teve uma grande força no final dos anos 70 e começo dos anos 80. Foi a época do sindicalismo combativo, das pastorais sociais e das CEBs, dos movimentos estudantis, tudo muito forte. Eu senti um certo esfriamento a partir de meados da década de 80. Mas diria que, nos meados da década de 90, assistimos a essa primavera, de que já falei. Há uma série de rearticulações do movimento social, de certa forma qualitativamente superiores. É um movimento social mais integrado na mobilização internacional. Ao mesmo tempo em que se olha o particular, a luta concreta local, também se olha a articulação com os movimentos mundiais. Existem milhares de iniciativas simples e populares no sentido de apontar uma nova direção na economia solidária, por exemplo, nas associações, nas padarias comunitárias, que dão uma consistência bastante grande aos movimentos sociais. Essa preocupação de uma articulação maior em nível nacional e internacional confere uma nova atualidade aos movimentos sociais.

IHU On-Line – Quais seriam os maiores riscos que podem correr os grandes movimentos sociais, como o MST, por exemplo?
Alfredo Gonçalves – O principal risco é essa avalanche do capital financeiro, da Alca, do neoliberalismo, que ainda permanece como uma grande ameaça sobre o país. Essa política financeira tende a afastar pequenas iniciativas, como a agricultura familiar, a pequena e média empresa, as organizações populares. Outro risco é o desemprego em massa, que tende a debilitar bastante as forças populares, na medida em que as pessoas começam a lutar apenas pelo emprego. Outro seria as divisões internas e o esvaziamento do movimento, na medida em que o governo do PT acaba tendo várias lideranças. Mas o Movimento Social está bastante vigoroso, tem um potencial muito forte e tem condições de refazer essas lacunas e de seguir adiante. Eu vejo com bastante otimismo tudo isso, apesar dos riscos e da exclusão social forte. Se há riscos, há também uma grande potencialidade de fortalecer os movimentos para exigir que o governo Lula seja coerente como seu passado, com a sua história, com a sua memória de lutas.

A Sinergia dos Movimentos sociais
Entrevista com Plínio de Arruda Sampaio


O advogado, promotor público e ex-deputado federal constituinte pelo PT, Plínio de Arruda Sampaio, 73 anos, é um especialista na questão fundiária no Brasil. Antes de 1965, participou ativamente da construção do Partido Democrata Cristão – PDC. Depois foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Ele trabalhou durante 30 anos na FAO (órgão da ONU voltado para a agricultura e a alimentação). Plínio atualmente é diretor do jornal Correio da Cidadania, e integrante do Conselho de Segurança Alimentar, órgão ligado ao Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome. Atualmente participa ativamente na Coordenação Nacional dos Movimentos Sociais. Sobre o tema dos movimentos sociais, a esquerda e o governo Lula, Plínio de Arruda Sampaio responde algumas questões a IHU On-Line na entrevista a seguir.

IHU On-Line – Quando o Sr. ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores, imaginava que um dia ele chegaria ao poder da maneira como está acontecendo?
Plínio Sampaio - Apesar de não ser signatário do documento de fundação, participei dos primeiros passos do partido. A pedido do Lula, preparei a minuta do primeiro Estatuto do Partido. Essa minuta foi o texto base do Primeiro Encontro do PT. Em 1981, fui eleito para a Executiva Estadual de São Paulo e em 1982 concorri a deputado federal. Eu imaginava que o PT criasse uma espécie de contra-cultura para combater a cultura política tradicional. Creio que conseguimos alguns resultados importantes nesse campo. Contudo, nos últimos anos, começamos a fazer concessões à cultura política tradicional. Isto pode comprometer a nossa proposta.

IHU On-Line – Falando sobre reforma agrária, o Sr. comparou, em entrevista recente, a situação atual com a anterior ao golpe de 64. Poderia explicar as semelhanças?
Plínio Sampaio - Minha observação sobre 1964 , como de hábito, foi distorcida pela imprensa para servir aos seus propósitos. Comparei a “choradeira” e a campanha “terrorista” dos latifundiários de hoje com a dos latifundiários de 1964. Os argumentos são os mesmos para uma reforma agrária que obviamente não pode ser igual à de quarenta anos atrás.

IHU On-Line – Como o Sr. vê a nova articulação dos movimentos sociais?
Plínio Sampaio - A idéia central do esforço de movimentos sociais se resume em uma palavra: sinergia. Se nos juntarmos, a força do movimento social não será apenas a somatória da força de cada um dos movimentos que o integram. Será acrescentado um tanto, resultante da ação articulada dentro de uma estratégia comum.

IHU On-Line – Quais as suas expectativas em relação à nova Associação?
Plínio Sampaio - Um dos problemas da esquerda brasileira consiste em trabalhar em cima de ilusões. Atualmente, o poder convocatório dos movimentos sociais é pequeno. Porém, já consegue criar “fatos políticos”. No momento, isto é o que importa: criar fatos políticos que possam alterar a agenda política do país. Porém, ainda mais importante, é dar início a uma trajetória de longo prazo. Se perseverarmos nessa via, chegará o dia em que em vez de mobilizar centenas ou milhares, mobilizaremos milhões. Aí as coisas mudarão efetivamente de rumo.

IHU On-Line – O que está sendo previsto para o lançamento oficial da Associação, em setembro?Plínio Sampaio - Os movimentos populares mudaram a cara da Semana da Pátria: deixou de ser uma parada militar, voltada para o estímulo a um patriotismo vazio, para se converter em um tempo de grandes mobilizações populares, com vistas à denúncia dos grandes problemas econômicos, sociais e políticos da Nação. O Grito dos Excluídos tornou-se um símbolo desses protestos. Não estou completamente a par do calendário de setembro, mas sei que, neste ano, as denúncias da Alca e dos Transgênicos fazem parte dele

[1] A primeira edição deste livro é de 1991/1992. Como ele está na 6ª edição, muitos pensam que o dito naquela época, sobre a crise, se aplica hoje, o que não é verdade. Na próxima edição do livro, será colocado um adendo com as notas respondidas nesta entrevista. (Nota da autora)

IHU on line, São Leopoldo, 11 de agosto de 2003.

MELUCCI, Alberto. A invenção do presente: movimentos sociais nas sociedades complexas, Petrópolis: Vozes, 2001.

http://www.unisinos.br/ihuonline/uploads/edicoes/1161285771.12word.doc

MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA



Educadora aborda os movimentos sociais na América Latina
Isabel Gardenal
Fotos: Antônio Scarpinetti
Edição das imagens: Luis Paulo Silva



[31/7/2008] Os atuais movimentos sociais no Brasil diferem daqueles havidos nas décadas de 70 e 80, elaborados em geral pelas pastorais, embora herdeiros do ponto de vista dos direitos. Várias das lutas sociais se internacionalizaram em prol da biodiversidade e das questões religiosas. Nos Estados Unidos e na Europa, o imigrante passou a agente desses movimentos e hoje é visto como fonte de problemas políticos. Com uma rápida contextualização, durante o 6º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), realizado no IFCH nesta quinta-feira (31), a professora da Faculdade de Educação (FE) Maria da Glória Gohn aos poucos teceu uma colcha dos movimentos sociais na América Latina, buscando elementos da produção teórica.Maria da Glória lembrou que as conjunturas social e política na América Latina são contraditórias: apesar de alguns movimentos terem sido bem-organizados, outros perderam força política, misturando radicalização e movimentos de nacionalismo.O movimento negro, ou de afrodescendentes, segundo ela, avançou no Brasil com as políticas de distribuição de cotas bem como os direitos da construção de identidade. Além do mais, a pesquisadora enfatizou que a Educação Básica no país tem servido de instrumento de protestos e área estratégica para alguns movimentos, como o MST.Por outro lado, as novas políticas sociais, afirmou Maria da Glória, acabaram por priorizar o tema da exclusão. "No Brasil, as políticas de igualdade assumem agora papel destacado, assim como os laços de pertencimento", relatou. Para a educadora, a identidade política e a política de identidade atuam de forma antagônica, com seus eixos deslocando-se da sociedade civil para a política. Ela ainda mencionou que o tema da água hoje é uma discussão que tem dado suporte à continuidade do capitalismo, produzindo algumas tensões sociais, inclusive de base geopolítica. Lamentou que os avanços nos movimentos sociais ainda prossigam sem que haja um entendimento conceitual. Maria da Glória lança na Bienal do Livro em SP a obra Novas Teorias dos Movimentos Sociais, fruto de sua investigação. Esta e outras abordagens ganham maior amplitude na sua pesquisa.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ESTUDO SOBRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS NA DÉCADA DE 60 E 70 SOB INFLUÊNCIA DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA



MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL: UM OLHAR SOBRE A IGREJA E OS
MOVIMENTOS SOCIAIS DE PROTESTOS.
SOARES, Maurício Ricardo¹
¹ Professor Mestre do Departamento de História da UEMG – Campus da Campanha ( UEMG – FAFI SION )
ÁREA FAPEMIG: HISTÓRIA



1. INTRODUÇÃO


O estudo desenvolvido analisou a forma como que se apresentaram os movimentos sociais nas
décadas de 60 e 70 sob influência da Igreja Católica no Brasil.
Diante do quadro de pobreza e miséria o trabalhador ergue sua voz em busca de alternativas para a sua sobrevivência. As décadas de 70 e 80 demonstraram isso, pois foram as décadas dos movimentos sociais das lutas contra o “inimigo” comum, o Estado opressor, desenvolvendo-se em toda a sociedade em busca de libertação e democratização. As mobilizações de massa são grandes nesse período e muitas delas com um enfoque teórico do marxismo e influências de partidos comunistas. Os atores sociais se aglutinam em torno da causa da libertação e a busca da democracia. Os sindicatos assumem papel importante juntamente com os partidos políticos e lideranças da esquerda. A igreja Católica se aproximou do povo, era a Nova Igreja, do Povo de Deus que através das CEBs ( Comunidades Eclesiais de Bases ) modificava o rosto da sociedade através de um amplo processo de conscientização das massas. Ao tratar do tema Movimentos Sociais é necessário intervir no assunto naquilo que diz respeito à sua conceituação. Não se trata simplesmente de mitificar o tema mas sim, de dar roupagem nova a um assunto de extrema relevância na sociedade atual. O papel da Igreja Católica se fez presente nos movimentos sociais das décadas de 70 e 80 e isso nos leva a uma análise ainda maior sobre este tipo de ação movimentalista. O tema dos movimentos sociais passou a ser visto com maior freqüência pelos analistas a partir do Regime Militar no Brasil. Mas, na verdade, o conceito surge em 1840 com a idéia de caracterizar o movimento operário europeu e com isso passou a ser desenvolvido dentro da categoria marxista para representar uma organização racional da classe trabalhadora preocupados com as transformações das relações da sociedade capitalista. Portanto, até inicio dos anos 60, os movimentos sociais estavam diretamente ligados à idéia da revolução proletária. Os sindicatos e os partidos políticos de orientação socialista e comunista representariam, nessa perspectiva, a forma mais acabada desse tipo de organização, e tudo o que fugisse desse raio de ação sequer podia ser incluído sob a rubrica do verdadeiro movimento social ( DOIMO: 1995 ).
Isso mostra como a visão de movimento social na década de 60 é conflitante. O Estado é outro e a sociedade passa por uma transformação em que novos atores entram em cena e uma nova conjuntura permeia a sociedade. Por isso falar de movimento social, a partir dos anos 60, sem nenhuma ligação com o movimento operário mostrava que outras ações estavam presentes e que também poderia ser caracterizado como movimento social que começavam a surgir espontaneamente como os de gênero, pacifistas, nacionalistas, etc., caracterizando os novos movimentos sociais. Mas, “desde logo afirmamos que não há um conceito sobre movimento social mas vários, conforme o paradigma utilizado” ( GOHN: 2000 ). Na América – Latina a categoria básica para se tratar os movimentos sociais foram de correntes marxistas na década de 70 e os “Novos” na década de 80.
Os novos atores sociais nascem num cenário onde o Estado – Providência, como mostra Souza
Santos, entra em crise e desenvolve uma série de esquemas que “agravam-se as desigualdades sociais e os processos de exclusão social (...)” ( SANTOS: 2001, ). Na década de 80, portanto, quando se falava em novos movimentos sociais, já se sabia que se tratava dos movimentos populares ligados principalmente à Igreja Católica com seu ramo chamado de Teologia da Libertação e é este assunto que vamos detalhar neste estudo. O Estado autoritário estava afastado dos movimentos e isso nos leva a perceber a categoria utilizada, que era a autonomia, pois eles se desenvolviam de forma espontânea. “O novo nos movimentos ecológicos, das mulheres etc., se referia a uma outra ordem de demanda, relativa aos direitos sociais modernos, que apelam para a igualdade e a liberdade nas relações de raça, gênero e sexo” ( GOHN: 2000 ).
Na América – Latina os movimentos também têm forma e conteúdo. O que há, na verdade, é uma diferença nas lutas em relação aos movimentos europeus, norte – americanos, entre outros. Portanto, na América – Latina, os movimentos são vistos dentro da dinâmica da economia mundial e os “(...) marginais eram produtos do próprio modelo capitalista de implantado nos países subdesenvolvidos” ( GOHN: 2000 ). Foi justamente neste cenário, onde as lutas sociais eram contidas pelo regime militar, os movimentos nasceram, na tentativa de recriar um espaço favorável para as relações de trabalho e logo depois as lutas enfocavam o clima pela redemocratização do país. Os movimentos ocorreram na América – Latina de forma bem diferenciada. Nos países mais industrializados, os movimentos surgem nos grandes centros, ligados à Igreja, sindicatos e partidos políticos. O regime militar, por sua vez, desenvolveu uma política centralizadora e bipartidária. O final dos anos 70 e inicio dos anos 80 foram períodos do processo de redemocratização. “A cultura política latinoamericana se transformou neste período, ganhando aspectos novos, baseados numa visão de direitos sociais coletivos e da cidadania coletiva de grupos sociais oprimidos e/ou discriminados” ( GOHN: 2000 ).
Os movimentos sociais que tiveram um desenvolvimento maior e mais credibilidade foram aqueles que estiveram ligados diretamente à Igreja Católica juntamente com a Teologia da Libertação. A religião possui um significado muito importante na vida do oprimido latino-americano, pois no período colonial foi moldado em nosso povo a esperança que a religião pudesse trazer à sociedade e redentora de todos os males.
2. MATERIAL E MÉTODO

Os espaços da Igreja foram importantes para os movimentos sociais nas décadas de 70 e 80. E as práticas estavam direcionadas para a transformação da sociedade. Era a Igreja que lutava junto com a sociedade para trazer o país de volta ao Estado de direito. Temos que lembrar também quando falamos da Igreja Católica neste período, as CEBs ( Comunidades Eclesiais de Bases ) foram o alicerce desta construção e tiveram um papel significativo no desenrolar do processo social. Eram de fato os porta vozes das camadas menos favorecidas. Eram as CEBs que geravam consciência na população dos bairros. Portanto, tratar das CEBs não é tratar de assuntos somente eclesiásticos, mas também construir uma análise política a seu respeito. Elas têm início nas zonas rurais e depois se expandem por todo o perímetro urbano. Elas surgiam, na verdade, devido às lutas populares inspirados no evangelho. A sua ação estava presente nas mais variadas formas de ação,Um mutirão para levantar um salão paroquial, a organização de uma creche comunitária, mobilização para reclamar da falta de ônibus, a circulação de um abaixo -assinado para reivindicar a coleta de lixo, a organização de um movimento para a defesa dos direitos dos moradores em loteamentos clandestinos, ou dos direitos aos serviços de saúde dos moradores do bairro, ou dos direitos à educação e uma grande diversidade de organizações e movimentos populares. ( SADER, 1988 ). A libertação é a libertação do egoísmo, da alienação, da miséria e das injustiças, dos pecados
pessoas e principalmente dos pecados sociais. Essa libertação está diretamente ligada aos direitos humanos, contrapondo o capitalismo onde o valor é o lucro. De 1964 à 1969 as divisões ideológicas criaram nos leigos e no clero um sentido para se estabelecer um caráter puramente contraditório para transformar os grupos católicos em conservadores e progressistas. Neste contexto os progressistas se unem e surgem também os movimentos jovens ligados À Igreja tais como JEC ( Juventude Estudantil Católica ), JUC ( Juventude Universitária Católica ) e o JOC ( Juventude Operária Católica ); juntamente à esses grupos estavam dissidentes de partidos comunistas de influência marxista. Enquanto o general Geisel propunha uma devolução gradual e lenta do poder político para a sociedade civil, a Igreja esteve presente no processo de abertura política do país. E a Igreja em São Paulo “veio a falar em nome da Igreja por todo o Brasil” ( CAVA: 1986 ). Em vista disso, a Igreja estava autorizada a agir em nome da sociedade civil. “Em Março 1973, por exemplo, os bispos se manifestaram abertamente contra as restrições à liberdade. Isto simplesmente confirma para a linha dura a cumplicidade da Igreja com a subversão armada” ( SKIDMORE: 1988 ).
O ponto central de toda a reflexão política é a fé em Deus, a experiência de Deus e a experiência do povo. E a fé desse povo é une e envolve as pessoas e as classes para uma ação mais efetiva. Neste sentido percebemos que o valor dado à justiça; é um valor evangélico é uma exigência fundamental do cristianismo. É um sagrado dever do povo de Deus que participa da luta contra o poder opressor e excludente.
A Igreja popular sempre esteve ancorada à Instituição da Igreja, mesmo com suas formas mais
contestadoras. Seria simplismo demais supor que o desenvolvimento da Igreja e o movimento popular tenham sido influenciado por fenômenos meramente utópico-proféticos. A Instituição teve força para estruturar e manter a direção dos caminhos políticos e da lutas pelos direitos. Aí a idéia de povo se faz importante, pois falar em democracia e direitos não faz sentido sem a palavra povo. Esse é o que contesta os direitos sociais usurpados pelo poder público e a “salvação divina” que se democratiza saindo das mãos do clero.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este trabalho foi desenvolvido durante o curso de mestrado em História Social do Brasil
Comtemporâneo da Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações, por meio da disciplina Brasil Contemporâneo e possibilitou a análise do período compreendido entre os anos do Regime militar no Brasil.

Percebemos também como os movimentos sociais se organizaram no sentido da ação coletiva. Podemos analisar também a presença da Igreja no processo político agindo como um ator social de relevante importância.
4. CONCLUSÕES

Quando se fala em movimento social logo nos perguntamos sobre suas características. Qual a marca que ele traz. E os movimentos populares da década de 70 e 80 possuíam a marca da luta pela defesa da vida e da dignidade humana. Os movimentos se organizavam e criavam redes de ação em vista de desfazer um inimigo que naquele momento é o “Estado opressor”. Percebemos também que as condições de existência não permitiam às pessoas a libertação de sua ignorância frente as realidades sociais apresentadas aos seus olhos. Por isso a importância dos sindicatos, partidos e principalmente da Igreja Católica nesse período. A Igreja ao organizar seus espaços ( CEBs ) permitiu a libertação que aprisionava as camadas mais pobres da população .

5.FONTE DE FOMENTO

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOIMO, Ana Maria. A Vez e a Voz do Popular: movimentos sociais e participação política no Brasil pós-70. Rio de Janeiro: Relume – Dumará: ANPOCS, 1994.
GOHN, Maria da Glória. Os Sem – Terra, ONGs e Cidadania. 2a edição. São Paulo: Cortez, 2000.
____________________. Teorias dos Movimentos Sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. 2a edição. São Paulo : Edições Loyola, 2000.
CAVA, Ralph Della. A Igreja e a Abertura. In: KRISCHKE, Paul; MAINWARING, Scott. A Igreja nas Bases em Tempo de Transição ( 1974 – 1985 ). Porto Alegre: L&PM: CEDEC, 1986.
SADER, Eder. Quando Novos Personagens Entraram em Cena: Experiências e lutas dos trabalhadores da grande São Paulo 1970 – 1980. 2a edição. São Paulo: Paz e Terra, 1988.
SKIDMORE, Thomas. Brasil de Castelo a Tancredo. 7a edição. São Paulo: Paz e Terra, 1988

FORÇA E DEBILIDADE DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Movimentos sociais e luta antineoliberal Força e debilidade dos movimentos sociais por Emir Sader
10 de Junho de 2005

Os movimentos sociais têm sido os principais protagonistas na luta de resistência contra o neoliberalismo em toda a América Latina. Isso tem acontecido também no Brasil.
Duas são as principais razões: em primeiro lugar, a descaracterização ideológica e política de grande parte dos partidos tradicionais da esquerda, que foram se envolvendo cada vez mais na luta institucional e perdendo contato com as lutas sociais, ao mesmo tempo que foram induzindo temas da chamada “governabilidade”. Por outro lado, o neoliberalismo termina sendo, essencialmente, uma máquina de expropriar direitos.
Dessa maneira, os movimentos sociais se tornaram os principais bastiões da luta de resistência, por representar diretamente os setores sociais mais atingidos por essas políticas.
No Brasil, dos dois principais ramos do movimento social - o sindical e o rural -, tem sido este o fator de maior resistência. O movimento sindical foi mais diretamente atingido pelas políticas econômicas que geraram desemprego e precarização das relações de trabalho, ao mesmo tempo que a divisão interna com correntes de direita ajudou a enfraquecer a capacidade de ação dos sindicatos.
Enquanto isso, o movimento dos trabalhadores rurais, tendo no MST seu eixo fundamental, tem sido o responsável pelas mobilizações populares contra as políticas neoliberais, valendo-se da particularidade da luta pela terra - que permite as ocupações e a posta em funcionamento dos assentimentos -, assim como pela força ideológica que o movimento foi assumindo ao longo do tempo.
Essa força dos movimentos sociais apresenta elementos de força e de debilidade para a luta contra o neoliberalismo. A força vem da representatividade e da capacidade de mobilização de organizações diretamente vinculadas aos trabalhadores. A debilidade, do fato de que, sendo movimentos sociais, não podem se constituir em alternativas políticas de governo e de poder.
O modelo hegemônico neoliberal
O neoliberalismo não é apenas uma política econômica, mas um projeto hegemônico, que contêm valores essenciais do capitalismo liberal - o consumismo, o egoísmo, o individualismo, o mercantilismo - e que reorganiza não apenas as relações sociais, mas também as relações de poder. O neoliberalismo é a cara assumida pelo capitalismo na sua fase de hegemonia econômica do capital financeiro. Ele se articula internacionalmente com a hegemonia estadunidense, tendo os organismos financeiros e comerciais internacionais como seus braços de poder - o FMI, o Banco Mundial, a OMC, entre eles.
Conta com a ideologia do “livre comércio” no plano econômico e com a “luta contra o terrorismo” nos planos político e militar. Se constitui assim em um sistema de poder, que vai da economia à política, passando pela ideologia e pelos planos tecnológico e militar.
O instrumento essencial de implementação do neoliberalismo é a desregulamentação, isto é, a eliminação das travas à livre circulação do capital. Assim, a privatização significa desregulamentação, porque tira do Estado a propriedade de empresas, para jogá-la no mercado, para quem tiver mais recursos se apropriar delas.
A abertura para o mercado internacional também representa desregulamentação, porque elimina as travas para a entrada e saída de capitais e de mercadorias, acelerando o “livre comércio”. As políticas chamadas de “flezibilização laboral” significam, na verdade, políticas de promoção da precarização das relações de trabalho, tirando direitos essenciais aos trabalhadores e submetendo-os à sanha voraz do capital.
A alternativa posneoliberal
A luta contra o neoliberalismo tem assim que ser uma luta global, tanto no sentido de ter que abranger todas as esferas em que ele se articular, como no sentido de ser uma luta internacional, uma luta global. A luta contra o neoliberalismo é uma luta pela ruptura do modelo econômico neoliberal, eixo do modelo neoliberal, tornando os ministérios econômicos a chave do poder e do tesouro dos governos que se submetem à lógica neoliberal.
Essa ruptura tem que enfrentar as armadilhas colocadas pelas políticas neoliberais nos planos nacional e internacional - das quais a mais clara é a fuga de capitais, a partir do momento em que esses capitais sentem seus interesses contrariados -, elaborar uma estratégia de saída do modelo e ir, paralelamente, colocando em prática uma outra política.
Esta alternativa tem necessariamente que dispor de políticas de regulação econômica, que travem a livre circulação do capital especulativo, valendo-se de modalidades com as propostas pela Taxa Tobin, que prevê um imposto sobre toda movimentação de capital financeiro. Esta política requer, para ser mais forte, de uma integração regional, que leve a cabo conjuntamente essas medidas.
O governo da Venezuela tomou medidas similares a essa, incluindo a centralização do cambio, para combater as fugas de capitais e os movimentos especulativos do capital, com grande sucesso, demonstrando sua possibilidade e sua efetividade.
O combate a essas políticas a criação de uma força social, política e ideológica que lhe dê sustentação e se oponha ao bloco constituído por ela. É necessário unir ao conjunto dos trabalhadores da cidade e do campo, como forças motrizes dessa luta e buscar os aliados para que o bloco possa ter capacidade hegemônica e ao mesmo tempo subtrair bases populares de apoio ao bloco neoliberal, assim como neutralizar outras forças.
Precisa obter o apoio de amplos setores das camadas médias, dilaceradas diante da imensa crise social que afeta a toda a sociedade, assim como procurar alianças táticas com setores do capital produtivo - antes de tudo pequenas e médias empresas, mas também as outras empresas interessadas na distribuição de renda porque comprometidas com o consumo interno de massas.
Essa aliança não será possível, assim como a ruptura do modelo neoliberal, sem romper o monopólio privado que fabrica a opinião pública de maneira quase que totalitária. O liberalismo avançou enormemente no Brasil ao longo da década passada, desde o governo Collor, passando pelos dois mandatos de FHC e pela econômica mantida pelo governo atual.
A grande mídia privada é seu instrumento essencial de divulgação, deixando o movimento popular e a esquerda com poucos espaços de difusão de suas opiniões, suas idéias e suas propostas. Sem mudanças radicais na opinião pública, nos consenso hegemônicos estabelecidos, dificilmente será possível constituir esse bloco de forças antineoliberal, que se ancora em grande parte na ideologia liberal predominante atualmente nas nossas sociedades.
O papel da direção política
Por esse conjunto de tarefas indispensáveis para a superação do neoliberalismo, os movimentos sociais não conseguem sozinhos dar conta desse imenso projeto de construção de um projeto alternativo. Eles têm o papel essencial de mobilização social, de divulgação das criticas às políticas neoliberais, de plataformas alternativas, mas não se pode pedir a esses movimentos que desempenhem o papel de direção política, de construção teórica das bases das alternativas, de luta ideológica, de construção das alianças sociais, de construção da força política de um projeto hegemônico alternativo. Esta é uma tarefa para uma direção política, seja ela de caráter partidário ou alguma forma similar que possa atuar no campo político, ao mesmo tempo que articular o conjunto da força acumulada nos planos econômico, social e ideológico.
Experiências como aquelas dos movimentos indígena e camponês equatoriano que, com sua extraordinária capacidade de mobilização e de luta, conseguiram derrubar os três últimos presidentes daquele país, demonstram como à falta de uma alternativa política própria, terminam delegando o exercício do governo a personalidades de outras forças políticas, que acabam seguindo uma lógica diferente e até mesmo contraditória com as desses movimentos.
No caso do último desses presidentes, Lúcio Gutierrez, tinha sido eleito com o apoio essencial dos movimentos sociais, porém ele rapidamente se entendeu com o governo dos EUA e com o FMI, opondo-se diretamente às orientações que tinha pregado durante a campanha eleitoral. Os movimentos chegaram a se dividir, com alguns de seus membros permanecendo no governo até sua derrubada.
Essas lições demonstram como o social não pode substituir a ação política, mesmo se esta tem que estar estreitamente articulada com as lutas e os movimentos sociais. Se queremos de fato substituir o projeto neoliberal por uma projeto democrático e popular e não apenas limitar aquele, temos que nos enfrentar a problemas como a democratização do Estado, a implementação de políticas de orçamento participativo, a construção de uma força parlamentar que dê apoio a um governo posneoliberal.
Não podemos ficar - como querem as ONGs - no que eles chamam de “sociedade civil”, um conceito liberal, que abandona a possibilidade de luta pelo poder, de democratização radical do Estado, de construção de força política e ideológica fundada nas classes trabalhadoras.

Emir Sader,Professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História".
http://www.voltairenet.org/article125716.html

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Movimentos Sociais( Política)

Movimento social é uma expressão usada para denominar organizações estruturadas com a finalidade de criar formas de associação entre pessoas e entidades que tenham interesses em comum, para a defesa ou promoção de certos objetivos perante a sociedade.
A categoria é ampla e pode congregar, dependendo dos critérios de análise empregados, organizações voltadas para a promoção de interesses morais, éticos e legais.
Os objetivos destas entidades podem ser, também conforme o caso, a obtenção de direitos para seus membros ou a busca de interesses mais amplos da sociedade em geral.
Os movimentos sociais se caracterizam, na maioria das vezes, por atuarem de forma explícita e evidente no ambiente político. Suas atividades se desenvolvem por meio de passeatas, atos públicos, simbólicos e cívicos, promoção de ações judiciais, ocupações de bens públicos, ocupações de propriedades, encampamento de órgãos, agências ou concessionárias de serviços públicos.
A despeito de atuarem no ambiente público, político e representativo, tais movimentos não se submetem às mesmas regras jurídicas e legais que os agentes políticos e associativos tradicionais, como partidos, sindicatos ou cooperativas, que estão vinculados a complexos arcabouços normativos, que regem suas condutas da forma prescritiva e formal.
Os integrantes de tais movimentos sociais costumam alegar que funcionam de forma assemblear e mediante a mecanismos de democracia direta e que, portanto, lhes seriam dispensáveis as formas estabelecidas e usuais de representação.
Os movimentos sociais e pessoas a eles relacionadas alegam ser manifestações espontâneas da assim chamada sociedade civil organizada e que exerceriam a "função social" de representar interesses coletivos e praticar atos tendentes à sua defesa.
Certos analistas apontam, em contrapartida, que a expressão movimento social seria dúbia e empregada com duplo-sentido e conotação ideológica.
Para esta corrente, muitos movimentos sociais estariam desprovidos da espontaneidade que alegam ter e consistiriam na porção aparente de um fenômeno de aparelhamento e conquista da hegemonia política na sociedade, por - e em benefício de - certos estamentos ou grupos de pessoas e entidades, nos moldes preconizados por Antonio Gramsci para a conquista revolucionária do poder e a implantação do comunismo ou do socialismo mediante procedimentos não diretamente ligados à violência física, mas à guerra de posições e à manipulação de signos culturais e simbólicos.
Para esta corrente, o próprio uso do termo sociedade civil organizada representaria uma replicação direta da estrutura discursiva do pensador comunista italiano antes mencionado. Para esta mesma corrente, uma outra evidência deste fenômeno político seria o que alegam ser uma aparente articulação ou orquestramento de propósitos e agendas de tais movimentos, com participação ou não de agentes políticos.
Os representantes de tais movimentos - ainda que muitas vezes não neguem seus propósitos revolucionários - costumam rebater tais críticas alegando serem as mesmas inexatas e representativas de grupos de interesse contrários aos interesses por eles defendidos. Complementarmente, continuam defendendo que sua existência deve-se à auto-organização espontânea e natural da sociedade, reafirmando seus propósitos com interesses que alegam serem nobres, altruístas e em benefício da sociedade.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_social

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Apresentação

Somos alunos do primeiro período do curso de Direito na Universidade de Uberaba, nos reunimos em um grupo de cinco pessoas para falar de política e cumprir a tarefa interdisciplinar.
Mas essa reunião de amigos vai alem de um simples trabalho para a faculdade, o curso de direito liga nossos interesses em comum, e política sem duvida é um deles, antes de falarmos do nosso tema principal que será movimentos sociais, postaremos aqui uma breve apresentação dos nossos integrantes.
Nosso grupo é dinâmico e participativo em todas as matérias, e nossos integrantes são: Erilaine uma jovem esperta, comunicativa, rápida na fala e na percepção em sala de aula, Heitor um rapaz que vê no direito uma grande base para encontrar a profissão de seus sonhos, Rafael uma pessoa justa e também dedicada em tudo o que faz, Kermit uma pessoa amiga e companheira em sala com participações pertinentes nas aulas, é dono de um senso critico aguçado para tudo, e Agnes uma pessoa que adora ler e escrever característica que pode auxilia-la na profissão escolhida.
Impulsionados pelo tema buscamos na origem da língua (Latim), o nome que nos acompanhará nesse breve debate sobre política, Politicu Sociale foi o nome escolhido pelo grupo.
Esperamos falar aqui de movimentos sociais como um todo, desde como eles ajudaram o mundo em momentos de crise, à como a sociedade espera que políticas públicas possam ser implementadas para diminuir as diferenças sociais causadas pelo sistema econômico que hoje vigora em quase todo o país.