sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ESTUDO SOBRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS NA DÉCADA DE 60 E 70 SOB INFLUÊNCIA DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA



MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL: UM OLHAR SOBRE A IGREJA E OS
MOVIMENTOS SOCIAIS DE PROTESTOS.
SOARES, Maurício Ricardo¹
¹ Professor Mestre do Departamento de História da UEMG – Campus da Campanha ( UEMG – FAFI SION )
ÁREA FAPEMIG: HISTÓRIA



1. INTRODUÇÃO


O estudo desenvolvido analisou a forma como que se apresentaram os movimentos sociais nas
décadas de 60 e 70 sob influência da Igreja Católica no Brasil.
Diante do quadro de pobreza e miséria o trabalhador ergue sua voz em busca de alternativas para a sua sobrevivência. As décadas de 70 e 80 demonstraram isso, pois foram as décadas dos movimentos sociais das lutas contra o “inimigo” comum, o Estado opressor, desenvolvendo-se em toda a sociedade em busca de libertação e democratização. As mobilizações de massa são grandes nesse período e muitas delas com um enfoque teórico do marxismo e influências de partidos comunistas. Os atores sociais se aglutinam em torno da causa da libertação e a busca da democracia. Os sindicatos assumem papel importante juntamente com os partidos políticos e lideranças da esquerda. A igreja Católica se aproximou do povo, era a Nova Igreja, do Povo de Deus que através das CEBs ( Comunidades Eclesiais de Bases ) modificava o rosto da sociedade através de um amplo processo de conscientização das massas. Ao tratar do tema Movimentos Sociais é necessário intervir no assunto naquilo que diz respeito à sua conceituação. Não se trata simplesmente de mitificar o tema mas sim, de dar roupagem nova a um assunto de extrema relevância na sociedade atual. O papel da Igreja Católica se fez presente nos movimentos sociais das décadas de 70 e 80 e isso nos leva a uma análise ainda maior sobre este tipo de ação movimentalista. O tema dos movimentos sociais passou a ser visto com maior freqüência pelos analistas a partir do Regime Militar no Brasil. Mas, na verdade, o conceito surge em 1840 com a idéia de caracterizar o movimento operário europeu e com isso passou a ser desenvolvido dentro da categoria marxista para representar uma organização racional da classe trabalhadora preocupados com as transformações das relações da sociedade capitalista. Portanto, até inicio dos anos 60, os movimentos sociais estavam diretamente ligados à idéia da revolução proletária. Os sindicatos e os partidos políticos de orientação socialista e comunista representariam, nessa perspectiva, a forma mais acabada desse tipo de organização, e tudo o que fugisse desse raio de ação sequer podia ser incluído sob a rubrica do verdadeiro movimento social ( DOIMO: 1995 ).
Isso mostra como a visão de movimento social na década de 60 é conflitante. O Estado é outro e a sociedade passa por uma transformação em que novos atores entram em cena e uma nova conjuntura permeia a sociedade. Por isso falar de movimento social, a partir dos anos 60, sem nenhuma ligação com o movimento operário mostrava que outras ações estavam presentes e que também poderia ser caracterizado como movimento social que começavam a surgir espontaneamente como os de gênero, pacifistas, nacionalistas, etc., caracterizando os novos movimentos sociais. Mas, “desde logo afirmamos que não há um conceito sobre movimento social mas vários, conforme o paradigma utilizado” ( GOHN: 2000 ). Na América – Latina a categoria básica para se tratar os movimentos sociais foram de correntes marxistas na década de 70 e os “Novos” na década de 80.
Os novos atores sociais nascem num cenário onde o Estado – Providência, como mostra Souza
Santos, entra em crise e desenvolve uma série de esquemas que “agravam-se as desigualdades sociais e os processos de exclusão social (...)” ( SANTOS: 2001, ). Na década de 80, portanto, quando se falava em novos movimentos sociais, já se sabia que se tratava dos movimentos populares ligados principalmente à Igreja Católica com seu ramo chamado de Teologia da Libertação e é este assunto que vamos detalhar neste estudo. O Estado autoritário estava afastado dos movimentos e isso nos leva a perceber a categoria utilizada, que era a autonomia, pois eles se desenvolviam de forma espontânea. “O novo nos movimentos ecológicos, das mulheres etc., se referia a uma outra ordem de demanda, relativa aos direitos sociais modernos, que apelam para a igualdade e a liberdade nas relações de raça, gênero e sexo” ( GOHN: 2000 ).
Na América – Latina os movimentos também têm forma e conteúdo. O que há, na verdade, é uma diferença nas lutas em relação aos movimentos europeus, norte – americanos, entre outros. Portanto, na América – Latina, os movimentos são vistos dentro da dinâmica da economia mundial e os “(...) marginais eram produtos do próprio modelo capitalista de implantado nos países subdesenvolvidos” ( GOHN: 2000 ). Foi justamente neste cenário, onde as lutas sociais eram contidas pelo regime militar, os movimentos nasceram, na tentativa de recriar um espaço favorável para as relações de trabalho e logo depois as lutas enfocavam o clima pela redemocratização do país. Os movimentos ocorreram na América – Latina de forma bem diferenciada. Nos países mais industrializados, os movimentos surgem nos grandes centros, ligados à Igreja, sindicatos e partidos políticos. O regime militar, por sua vez, desenvolveu uma política centralizadora e bipartidária. O final dos anos 70 e inicio dos anos 80 foram períodos do processo de redemocratização. “A cultura política latinoamericana se transformou neste período, ganhando aspectos novos, baseados numa visão de direitos sociais coletivos e da cidadania coletiva de grupos sociais oprimidos e/ou discriminados” ( GOHN: 2000 ).
Os movimentos sociais que tiveram um desenvolvimento maior e mais credibilidade foram aqueles que estiveram ligados diretamente à Igreja Católica juntamente com a Teologia da Libertação. A religião possui um significado muito importante na vida do oprimido latino-americano, pois no período colonial foi moldado em nosso povo a esperança que a religião pudesse trazer à sociedade e redentora de todos os males.
2. MATERIAL E MÉTODO

Os espaços da Igreja foram importantes para os movimentos sociais nas décadas de 70 e 80. E as práticas estavam direcionadas para a transformação da sociedade. Era a Igreja que lutava junto com a sociedade para trazer o país de volta ao Estado de direito. Temos que lembrar também quando falamos da Igreja Católica neste período, as CEBs ( Comunidades Eclesiais de Bases ) foram o alicerce desta construção e tiveram um papel significativo no desenrolar do processo social. Eram de fato os porta vozes das camadas menos favorecidas. Eram as CEBs que geravam consciência na população dos bairros. Portanto, tratar das CEBs não é tratar de assuntos somente eclesiásticos, mas também construir uma análise política a seu respeito. Elas têm início nas zonas rurais e depois se expandem por todo o perímetro urbano. Elas surgiam, na verdade, devido às lutas populares inspirados no evangelho. A sua ação estava presente nas mais variadas formas de ação,Um mutirão para levantar um salão paroquial, a organização de uma creche comunitária, mobilização para reclamar da falta de ônibus, a circulação de um abaixo -assinado para reivindicar a coleta de lixo, a organização de um movimento para a defesa dos direitos dos moradores em loteamentos clandestinos, ou dos direitos aos serviços de saúde dos moradores do bairro, ou dos direitos à educação e uma grande diversidade de organizações e movimentos populares. ( SADER, 1988 ). A libertação é a libertação do egoísmo, da alienação, da miséria e das injustiças, dos pecados
pessoas e principalmente dos pecados sociais. Essa libertação está diretamente ligada aos direitos humanos, contrapondo o capitalismo onde o valor é o lucro. De 1964 à 1969 as divisões ideológicas criaram nos leigos e no clero um sentido para se estabelecer um caráter puramente contraditório para transformar os grupos católicos em conservadores e progressistas. Neste contexto os progressistas se unem e surgem também os movimentos jovens ligados À Igreja tais como JEC ( Juventude Estudantil Católica ), JUC ( Juventude Universitária Católica ) e o JOC ( Juventude Operária Católica ); juntamente à esses grupos estavam dissidentes de partidos comunistas de influência marxista. Enquanto o general Geisel propunha uma devolução gradual e lenta do poder político para a sociedade civil, a Igreja esteve presente no processo de abertura política do país. E a Igreja em São Paulo “veio a falar em nome da Igreja por todo o Brasil” ( CAVA: 1986 ). Em vista disso, a Igreja estava autorizada a agir em nome da sociedade civil. “Em Março 1973, por exemplo, os bispos se manifestaram abertamente contra as restrições à liberdade. Isto simplesmente confirma para a linha dura a cumplicidade da Igreja com a subversão armada” ( SKIDMORE: 1988 ).
O ponto central de toda a reflexão política é a fé em Deus, a experiência de Deus e a experiência do povo. E a fé desse povo é une e envolve as pessoas e as classes para uma ação mais efetiva. Neste sentido percebemos que o valor dado à justiça; é um valor evangélico é uma exigência fundamental do cristianismo. É um sagrado dever do povo de Deus que participa da luta contra o poder opressor e excludente.
A Igreja popular sempre esteve ancorada à Instituição da Igreja, mesmo com suas formas mais
contestadoras. Seria simplismo demais supor que o desenvolvimento da Igreja e o movimento popular tenham sido influenciado por fenômenos meramente utópico-proféticos. A Instituição teve força para estruturar e manter a direção dos caminhos políticos e da lutas pelos direitos. Aí a idéia de povo se faz importante, pois falar em democracia e direitos não faz sentido sem a palavra povo. Esse é o que contesta os direitos sociais usurpados pelo poder público e a “salvação divina” que se democratiza saindo das mãos do clero.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este trabalho foi desenvolvido durante o curso de mestrado em História Social do Brasil
Comtemporâneo da Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações, por meio da disciplina Brasil Contemporâneo e possibilitou a análise do período compreendido entre os anos do Regime militar no Brasil.

Percebemos também como os movimentos sociais se organizaram no sentido da ação coletiva. Podemos analisar também a presença da Igreja no processo político agindo como um ator social de relevante importância.
4. CONCLUSÕES

Quando se fala em movimento social logo nos perguntamos sobre suas características. Qual a marca que ele traz. E os movimentos populares da década de 70 e 80 possuíam a marca da luta pela defesa da vida e da dignidade humana. Os movimentos se organizavam e criavam redes de ação em vista de desfazer um inimigo que naquele momento é o “Estado opressor”. Percebemos também que as condições de existência não permitiam às pessoas a libertação de sua ignorância frente as realidades sociais apresentadas aos seus olhos. Por isso a importância dos sindicatos, partidos e principalmente da Igreja Católica nesse período. A Igreja ao organizar seus espaços ( CEBs ) permitiu a libertação que aprisionava as camadas mais pobres da população .

5.FONTE DE FOMENTO

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOIMO, Ana Maria. A Vez e a Voz do Popular: movimentos sociais e participação política no Brasil pós-70. Rio de Janeiro: Relume – Dumará: ANPOCS, 1994.
GOHN, Maria da Glória. Os Sem – Terra, ONGs e Cidadania. 2a edição. São Paulo: Cortez, 2000.
____________________. Teorias dos Movimentos Sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. 2a edição. São Paulo : Edições Loyola, 2000.
CAVA, Ralph Della. A Igreja e a Abertura. In: KRISCHKE, Paul; MAINWARING, Scott. A Igreja nas Bases em Tempo de Transição ( 1974 – 1985 ). Porto Alegre: L&PM: CEDEC, 1986.
SADER, Eder. Quando Novos Personagens Entraram em Cena: Experiências e lutas dos trabalhadores da grande São Paulo 1970 – 1980. 2a edição. São Paulo: Paz e Terra, 1988.
SKIDMORE, Thomas. Brasil de Castelo a Tancredo. 7a edição. São Paulo: Paz e Terra, 1988

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